Empreendedorismo na Universidade

Mestre e doutor em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, coordenador do Centro de Empreendedorismo e tutor da empresa júnior de Engenharia de Produção Mecânica da Universidade Federal do Ceará, o professor Abraão F. Saraiva Júnior concedeu à nossa equipe uma entrevista à respeito de Empreendedorismo e seus desafios dentro e fora da universidade.

Abraão, você já teve a oportunidade de presidir a Proativa Jr, empresa júnior do curso de engenharia de produção mecânica da UFC. Quais foram, na sua visão, os seus maiores aprendizados e ganhos dessa vivência?

 “Muitos dos princípios que me trouxeram ao meu atual cargo e dos valores que trago para o meu trabalho na UFC hoje tiveram total influência dos meus 3 anos (a partir de 2005) de MEJ (Movimento Empresa Júnior). Entre os maiores aprendizados, posso citar o trabalho em equipe; a proatividade – aprendi a não esperar as coisas acontecerem, mas correr atrás e fazê-las acontecer – ; poder de persuasão – a maneira certa de convencer as pessoas, argumentando e conversando da melhor forma – .Eu e meus colegas de empresa nos esforçamos muito na época para possibilitar que a Proativa Jr se perpetuasse, assim foi possível formarmos líderes. Aprendi a gerenciar pessoas, estudei bastante para mostrar ao corpo docente vigente que na empresa júnior mantínhamos a responsabilidade acadêmica. Além disso tudo, formamos grupos de estudos e obtive conhecimentos que usei inclusive no meu doutorado.”

Como você julga a atuação de temas relacionados a empreendedorismo no cenário da educação universitária?

“Penso que ainda há muito a se fazer. Existem estudos da Endeavor e do SEBRAE que mostram que 6 em cada 10 estudantes sonham em empreender, mas que apenas 2 sentem confiança, ou seja, há necessidade das Instituições de Ensino Superior fomentarem o Empreendedorismo e apoiarem a jornada do estudante empreendedor. Com esse intuito foi criado o CEMP (Centro de Empreendedorismo), onde dispomos de várias atividades de sensibilização, de ferramentas técnicas de modelagem de negócio e conexão com o mercado, trazemos mentores de fora para orientar os alunos que estão idealizando negócios no Ciclo de Formação de Empreendedores.”

abraao

Abraão, você tem contato com órgãos como a Federação da Indústria do Ceará (FIEC) e auxilia empreendedores na estruturação de seus negócios. Na sua percepção, qual o perfil dos potenciais candidatos a vagas de estágio e cargos em empresas atualmente preferido pelos empregadores?

“Fala-se que o diploma está perdendo a importância atualmente, disto eu discordo. Uma boa formação e mérito acadêmico, não devem ser desconsiderados, pois medem a capacidade cognitiva e analítica do candidato. Mas de fato, o diploma por si só não é o determinante. Quando nos referimos a um profissional competente, nos referimos a 3 coisas: Conhecimento (acadêmico), Habilidades (idiomas e softwares) e Atitudes (influenciadas por atividades complementares).”

Não só aos jovens, mas a todos os que se arriscam em uma trajetória empreendedora, quais avisos e conselhos você daria sobre como lidar com os fracassos e dificuldades que possam surgir na trajetória?

No Brasil há uma cultura de ser concurseiro, ou empregado. Muitos pais, por exemplo, desestimulam seus filhos a ter uma iniciativa empreendedora por ser uma atividade de alto risco. Quem quer empreender precisa enxergar o “fracasso” como um aprendizado, cada tentativa mal sucedida deve ser vista como uma oportunidade de melhoria. As pessoas precisam entender que quase nunca dá certo de primeira. É preciso bastante resiliência e humildade para ter uma boa trajetória empreendedora.”

Para você, quais as características e competências que um empreendedor deve possuir? Essas competências, na sua visão, são inerentes ao indivíduo ou podem ser desenvolvidas?

“Há vocações e influência do ambiente sempre, mas um empreendedor pode sim ser formado, a questão de formação e da capacitação são as principais forças para melhorar o ambiente de empreendedorismo, e isso faz falta no Brasil, uma boa formação empreendedora. Isso motiva a existência do CEMP.”

Abraão, na sua percepção, qual deve ser a rota de uma pessoa que deseja abrir um negócio próprio? Diga-se, quais os pontos que devem estar claros no planejamento e o que deve ser feito de imediato (como definição do modelo de negócios) e o que pode ser adiado (como provavelmente um plano de negócios completo)?

“Deve-se verificar se há uma quantidade considerável de pessoas com um problema relevante em comum a ser resolvido e se há indicativos que a solução desse problema é pagável. Caso o problema já exista e outras soluções também, podem ser identificados pontos de melhoria para as soluções. A ideia do negócio é resolver um problema relevante de forma diferenciada à soluções já existentes. Então o caminho é basicamente entrevistar pessoas (físicas ou jurídicas), descobrir seus problemas e propor soluções. É importante sempre testar seu produto antes de seguir em diante naquilo.”

Diante de todas essas informações, fica evidente que o empreendedorismo une a vontade de mudança à atitude de criação. Empreender é enxergar possibilidades e executá-las. E esse é o objetivo da Diferencial Jr, gerar crescimento pessoal e proporcionar a vivência empresarial de seus membros, ao mesmo tempo que transforma positivamente a vida de seus clientes com soluções totalmente personalizadas às suas realidades.

Empreendedorismo na Universidade

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

X

Pin It on Pinterest

X